segunda-feira, 1 de agosto de 2011
SÃO FELIX 40 ANOS DE CAMINHADA E OPÇÃO RADICAL PELOS POBRES
Nossa caminhada se efetivaria na casa simples de Pedro, fomos recebidos pela lua do Araguaia, que como diz o povo de lá, só lá a encontramos. Lavados de esperança pelas águas do Araguaia, fortalecidos pelos companheiros que como nós continuaram sua romaria em São Felix. Partilhamos vidas e sonhos. Álvaro meu catalão irmão nos presenteou como o sabor das tortilhas, como ele disse: preparada pela equipe, poderia nascer mais uma pastoral aí, a das Tortilhas que tem a missão da fraternidade e da irmandade que o sabor permaneça como permanece em nós a amizade e a alegria de tão precioso encontro, que somente a caminhada é capaz de nos dar. Com Álvaro nossa aliança simbolizada em pote Karajá, cheio de ternura e paixão pelo Reino.
Acredito que sabor seja a melhor expressão de nossa estadia em São Felix, deixamos o sabor do Pinhão ao cidadão paranaense Casaldáliga, que reclamou frutos tão saborosos de uma arvore tão desrespeitada. Sabor do café tomado às manhãs após as orações na capela de Pedro, sabor da ternura daqueles que cuidam de Pedro, José Maria, Maria José, Paulinho, Ivo, tantos comprometidos com a causa que diariamente passam e partilham vossas vidas na simples casa desse bispo da caminhada.
O que fica é o desafio se assumir o compromisso, com as causas indígenas, na pessoa do amigo Beylari Karajá que nos recebeu mais uma vez em vossa casa e que afirma que a modernidade da luz elétrica trouxe uma esperança, no sentido de que eles se sentem mais incluídos e morrem menos, fica um grito forte de que a cultura destes nossos irmãos precisa ser defendida, protegida, morte não é somente morte física, mas morte da cultura e do jeito de ser índio.
Marãiwatsedea, terra Xavante, tomada pelo latifúndio e pela opressão da ganância da brutalidade do capitalismo, deve ser nosso primeiro compromisso assumido, desde o primeiro encontro com Pedro em Cascalheira até a passagem nossa pelas terras na região do posto da Mata, deve significar nosso empenho de levar a quem quer que seja a defesa dos territórios desses povos que querem apenas o direito de cuidar da mãe terra, antes que ela seja totalmente destruída como vimos pelos caminhos que passamos. Destruída pela força do latifúndio, que enxerga somente o lucro e não a vida. Paulo sacerdote da luta na prelazia que junto com Zezão ameaçados por defenderem o povo pobre da Bordolândia, que precisa de dignidade para sobreviver e vivem constantemente ameaçados pelo poder dos coronéis da região. É preciso dar um basta e apoiar nossos companheiros como nossa solidariedade comprometida.
Após tantos sentimentos e tantas emoções vivenciadas nesta comprometida viagem como nossos companheiros Altair, Cristiano e eu minha companheira Claudineia, retornarmos ao nosso sagrado lar, com a expectativa de que o Reino se efetive nosso compromisso diário da luta pela defesa total, integral da vida.
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