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sábado, 28 de janeiro de 2012

NÓS VIMOS A ESPERANÇA



Nosso olhar se dirigia para a porta da tenda, de onde esperávamos adentrar algo, de repente como num momento de luz entra pela grande porta homens e mulheres que naquele mesmo momento eram reconhecidos e reconhecidas por todos nós que ali celebrávamos como memorial da Páscoa do Cristo. Uma Páscoa atualizada na memoria da caminhada feita nos pés de hoje, atualizada na Esperança de todos os dias. A presença de nossos irmãos mártires como aqueles e aquelas que lavaram suas vestes no sangue do cordeiro (Ap 21), nos dava a certeza: estamos na caminhada certa, doar a vida é consequência da profecia atualizada por nosso testemunho. Com eles e com elas comemos do pão no banquete dominical e fazemos memória do Cristo que se doa, nos doando também. Para que o Reino aconteça.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

CIRANDEIROS E CIRANDEIRAS DO AMOR


Dos dias 08 a 14 de janeiro deste ano, aconteceu em Maringá o 10° Encontro Nacional da Pastoral da Juventude (PJ), jovens do Brasil todo desde do Amazonas ao Rio Grande do Sul gritavam com força o tema do Encontro: “Somos Igreja Jovem”, o tempo todo através dos gestos vividos afirmavam que na ciranda da vida nossa missão é amar sem medida, a luz do evangelho: “Amou-os até fim” (Jo 13,1), a presença da juventude trouxe a tona grandes marcas e importantes gritos. Gostaria de trazer algumas expressões do 10° Encontro Nacional.
A primeira expressão nasce no dia da missa de abertura na catedral de Maringá com a missa presidida por dom Eduardo, bispo referencial da juventude na CNBB. A missa toda fora marcada por momentos fortes de euforia e alegria, mas no momento da comunhão nasce a expressão através da canção “se calarem a voz dos profetas”: ter voz, ter vez, lugar. Esse grito forte da juventude da PJ permeou todo encontro nacional. Aí existem três marcas no desejo dessa juventude em ser Igreja e sem essas três expressões não existe sentido em ser Igreja, uma juventude que quer:
TER VOZ: Não dá para ser diferente, a juventude se expressa de maneira forte, radical, e nem sempre nós Igreja estamos prontos para entendê-los, urge a necessidade de ter a juventude nos espaços de decisão de nossa Igreja, de abrir as portas para o jeito jovem de ser e de fazer. Não nos enganemos que a nossa juventude somente gosta de festa. Gosta de compromisso, curte a ousadia, e muitas vezes a festa juvenil precisa soprar nossos ouvidos, pois desinstala e provoca euforia, levanta o defunto adormecido pela preguiça ou pela paralisia causada pelo medo da esperança. Aliás, Pedro Casaldáliga, grande bispo da Igreja comprometido com a PJ mandou recado na abertura: “jamais perder a esperança”, quando todo mundo fica aí parado e desanimado a juventude que nem sempre gostamos de ouvir, abre nossos ouvidos com seu brado de esperança.
TER VEZ: Nem sempre gostamos de ver nossos jovens à frente de cargos e posições chamadas de importantes, parecem irresponsáveis, muitas vezes olhamos para nossa juventude como aquela que nunca está preparada, ou está se preparando. Consequência disso: pastorais e estruturas envelhecidas. A PJ é fonte de vida na caminhada eclesial e na caminhada da sociedade. Veja o cenário politico sempre os mesmos barões. Tá na hora da juventude ocupar seu lugar. Mas para isso precisamos mudar nossa forma de pensar. Juventude não é futuro, juventude é presente, o hoje, com seu jeito de ser de pensar e de fazer. É preciso ter a coragem profética de aceitarmos o novo e acreditarmos na ousadia.
TER LUGAR: Quando falamos em lugar, estamos sugerindo uma questão geográfica, lugar remete a espaço, posição, reconhecimento. Quando temos um lugar sabemos quem somos e de onde viemos, falamos sempre de um lugar. O Lugar da PJ é a Igreja, de onde nasce e bebe na fonte. São cerca de trinta anos de história e dez encontros nacionais. Desse posicionamento histórico, nascem instrumentos importantes como o Documento Civilização do Amor, produzido pela PJ da América Latina, e o documento 85 da CNBB sobre a Evangelização da Juventude, sem falar de Puebla onde a opção preferencial pelos pobres se estende a profética opção pelos jovens. Todos os documentos e pronunciamentos sobre a juventude são uníssonos em apontar o protagonismo juvenil na importante caminhada eclesial de nossa Igreja no Brasil e na América Latina, sem esse instrumento não existe transformação social e nem profecia. Para isso, é preciso reconhecer o lugar de nossa juventude em nossa Igreja e na sociedade de modo geral. Sabemos que o protagonismo juvenil, sempre foi sinal de esperança no mundo.
Com certeza o Paraná soube acolher nossos ilustres visitantes de maneira hospitaleira, sendo esse um sinal de que precisamos nos arriscar mais em momentos assim.
Um sinal permanente no encontro nacional foi a presença do arcebispo de Maringá Dom Anuar, revelando a presença da Igreja de maneira terna e compromissada, a juventude como um dos discípulos de Emaús e Dom Anuar como o segundo discípulo, assim como outras presenças de companheiros de caminhada como vários padres e bispos como dom Sinézio Bhon, bispo emérito, e que no auge dos seus setenta e sete anos fez questão de permanecer os dez dias acompanhando essa linda juventude na caminhada compromissada do Reino.
O 10° Encontro Nacional não terminou em Maringá, deve continuar em nossa caminhada cotidiana, na opção corajosa pela Pastoral da Juventude em nossas comunidades e dioceses. Os cirandeiros e cirandeiras do amor dispostos a entregar a vida pela causa do Reino, estão por aí dispostos a enfrentar a Jerusalém de nossas lutas e compromissos. Vamos lá, com coragem fazendo a ciranda girar e vida acontecer plenamente."Com a fé e a união nossos passos uma dia vão chegar", essa é nossa certeza teimosa.