sexta-feira, 30 de abril de 2010
A TEOLOGIA DO QUARTO
O quarto de noites refletidas, pouco dormidas
É santuário do corpo lutador, refúgio da alma inquieta
Mas sobretudo simples, revelador, desapegado.
Quando olhamos para os quartos e camas de Dom Helder Câmara, Madre Tereza de Calcutá, Luciano Mendes, Dorothy Stang, Gandhi e tantos santos e santas de nossos dias como Dom Pedro Casaldáliga, percebemos aquilo que poderíamos chamar de uma Teologia do quarto.
Um quarto que revela Deus, através muitas vezes de uma cama simples, uma escrivaninha pequena, algumas imagens miúdas, percebemos o rosto pobre de Deus, mas muito mais que isso uma inquietude. Geralmente poucas horas de sono. Conexão constante com a realidade, mesmo dormindo, estavam despertos. Uma cama que muitas vezes lembrava o desconforto da cruz e ao mesmo tempo o colo reconfortante do Pai.
Desse Deus que se faz pequeno com os pequenos, e como cama da encarnação do Verbo Jesus, escolhe uma manjedoura, lugar pobre, cheio de palhas e comida dos animais, sem luxo algum, nasce o Rei controverso de Israel.
Nossos santos perceberam isso e mesmo com tanta autoridade conferida, como indicações a Nobel da Paz, conferências na ONU, prêmios e mais prêmios, ao retornarem para casa repousavam na simplicidade de seus quartos, na intimidade suprema com o Deus simples, que lhes aconchegava por alguns momentos, e mesmo cansados e cansadas logo se colocavam de pé para que pudessem mais uma vez pensar,lutar e criar possibilidades de mundo novo.
Quem dera, fossemos simples como nossos santos, que assim o foram, por conta do desapego e da memória acesa, como lamparina que nunca se apaga, abastecida com o óleo que vem da esperança de Deus.
Que nossas camas não nos deixem dormir tranquilamente enquanto houver o que se fazer na construção inquieta e constante do Reino de Deus.
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