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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

OLHAR




Enxergar e não olhar é assim que muitas vezes agimos. O olhar tem certa profundidade, que alcança uma longitude mais ampliada que apenas enxergar.
Podemos enxergar várias coisas, mas nosso olhar muitas vezes se limita a perceber e nem sempre agir. Quem olha age, a ação ligada ao olhar foi dimensionada primeiro por Deus, que <> (Ex 3,7a), mas é um olhar direcionado atento, e da mesma forma que olha sente e <> (Ex 3,8a). Assim este olhar não é qualquer olhar, é relacionado a uma ação posterior concreta.
Corremos o risco de no mundo contemporâneo parecermos cegos diante de uma série de realidades, ou pior apenas enxergarmos e não olharmos atentamente a realidade a sua volta. Quando uma pessoa olha para outra está sentindo tudo o que está a sua volta e busca respostas. A solidariedade está relacionada a este sentido, somos solidários quando conseguimos absorver através do olhar a necessidade do próximo, mesmo que este não dirija-me nenhuma palavra. É um olhar solidário, que alcança o olhar de Deus e conseqüentemente sua ternura.
O individualismo tem dirigido nossa olhar na direção de nós mesmos, tem nos feito egocentristas, não conseguimos nem perceber quem está a nossa volta. Essa atitude tem atingido inclusive a realidade familiar, pais que não conseguem olhar os filhos apenas o enxergam, e filhos que não conseguem olhar seus pais. Corremos o risco de vivermos numa sociedade como a do filme Ensaio sobre a Cegueira, perdidos e desorientados, sem direção.
O ver está relacionado ao sentir desde a experiência bíblica até mesmo as marcas vivenciadas na humanidade, as grandes transformações da história passaram pela força dos olhos sensíveis de grandes lideres que além de enxergarem as realidades puderam perceber nestas possibilidades de mudança. E na inquietude do olhar sensível lutaram e realizaram possibilidades.
Olhar está relacionado ao toque <> (Lc 8,45), essa pergunta de Jesus revela justamente que seus olhos estavam voltados para o pobre (Sl 25), desta maneira reforça a teoria que de onde ele estava era capaz de enxergar uma multidão, mas seu olhar se individualiza para a pessoa que clama por justiça.
Sensibilidade e justiça andam de braços dados, percebemos as injustiças, mas nosso olhar nem sempre quer profetizar, olhar é agir, é ter capacidade <> de recepção e mobilizar nossas forças para transformar. Que nosso olhar não seja acomodado e alienado. Olhamos, sentimos e lutamos, assim alcançamos a possibilidade de interligar sonhos com os olhos, sabemos que é preciso olhar mais longe e que é preciso utopizar, nada de olhar para baixo, adiante. <> (Kierkergaard).
Renato Munhoz

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

UMA VISITA: MEMÓRIA E CAMINHO



Organizamo-nos, trabalhadores/as da Casa da Juventude de Goiânia, na manhã do dia 04 de novembro de 2010, para visitarmos Pedro Casaldáliga, bispo da Igreja, no Brasil. Ele fez uma cirurgia. Fomos eu, Edina, Graça, Alessandra, Marcelo e a Irmã Jesuíta. Brincávamos que estávamos em romaria... Chegamos e fomos acolhidos pelo padre Paulo, que dizia que algumas pessoas não pareciam ser representantes de Casa da Juventude. Fomos acolhidos por Pedro. Perguntou pelas eleições. Trocamos impressões. Falamos das opções imediatas e dos projetos dos nossos sonhos. Falamos dos equívocos que podemos viver, presos no sonho, sem considerar a realidade. Podemos, até, ignorar os 28 milhões de pessoas e teorizar sobre elas, porém a experiência da fome é outra coisa.
Meu coração encheu-se de alegria, como um consolo de Deus, quando ele começou a falar do projeto da CAJU, dizendo que era um sonho alto demais. Ainda mais, acrescentou ele, porque se trata de jovens e sobre eles/elas sempre pairam desconfianças. Não se pensava que iria muito longe, mas como cresceu... Contra tudo isto e por isto, temos que ser sempre fiéis e nunca perder o horizonte, o objetivo maior – o Reino. Todo o resto é passageiro, mas não podemos desviar-nos do Reino. Também disse da importância da comunidade, de participar, de motivar os jovens para participarem dela porque é na comunhão que se vive o seguimento.
Essa fala de Pedro me fez percorrer o caminho dos 25 anos. Visitei, como num passe de mágica, todas as desconfianças em relação à juventude e sua organização, e também, a Casa da Juventude. A profecia era verdade. E, ali mesmo, percebi que a fidelidade ao Reino, o cuidado com os pobres e os jovens foram o que nos fortaleceram no caminho. Quantas tribulações, quantas desconfianças foram vencidas! A fala dele que tudo passa era a mais pura verdade. Uma verdade vivida. Sentia que ele transmitia o quanto Deus nos ama e cuida de nós, em cada um dos momentos, em cada decisão.
Também pude testemunhar o caminho feito por Graça, Edina e Marcelo e perceber como o encantamento, a presença de Pedro em suas vidas contribuíram no caminho como testemunhas. Percebi, também, o quanto a visita ao Pastor nos fortalecia para o caminho com a juventude empobrecida, na fidelidade ao Reino. Graça entregou a música que fez de presente a ele. Cantou. Ele agradeceu e acompanhou tudo com respeito, carinho e um gesto de uma jovem. Fico imaginando o poeta, ouvindo a poesia da outra, com uma sensibilidade que é dada a tão poucas pessoas. Também confirmou que Deus, para revelar sua bondade, de tempos em tempos, envia pessoas que nos encantam porque revelam seu amor, sua bondade, sua plenitude e aí nós sabemos que podemos ser mais e devemos viver com mais intensidade estes dons que Deus nos revela.
Estava conosco a irmã Jesuíta que viveu em Confresa (MT) durante muitos anos e está chegando de uma experiência na África, Moçambique. Ela nos contava dos jovens, da pobreza e miséria na África, da cultura. Pedro perguntava sobre os costumes do povo e se a Igreja tinha capacidade de diálogo com o povo e sua cultura.
Esses encontros marcam nossa vida. O primeiro encontro com ele foi, creio que em 1984, na Assembleia do Regional, sem eu saber que ele era bispo. Sentada ao seu lado, me encantou a presença. Sabia que era um homem de Deus e sabia que era pobre. Eu, jovem, representando os/as jovens de minha diocese, sabia que tinha fé. Só depois, descobri que era um bispo e a cena nunca saiu dos meus olhos, nem o som de sua voz cantando, “da cepa brotou a rama, da rama, brotou a flor e da flor nasceu Maria...”. Depois, na CNBB, quando estava iniciando o trabalho na assessoria, me tocou apresentar o Marco Referencial da Pastoral da Juventude. Ao final, ele se aproximou e disse: Obrigada! Que banho de pedagogia! Na Romaria, em Ribeirão Cascalheira (MT), o modo como acolhia cada pessoa, como os índios eram íntimos dele, como as senhoras pobres falavam como com ele, era alguém da família, um Pastor. E hoje, me impressionou sua memória, sua lucidez, sua capacidade de acolher, de animarmos para o caminho do seguimento a Jesus e o Reino anunciado por Ele.
Externo toda minha gratidão a Deus, porque através destas pessoas Ele nos revela seu amor, seu cuidado e nos anima para continuar o nosso testemunho de vida, como seguidora do Ressuscitado. Sei que Deus cuida de quem ele ama. Sei que Seu amor é grande e isso não se traduz em palavras.



• Carmem Lucia Teixeira, 04 de novembro de 2010.
Coordenadora Geral da Casa da Juventude Pe. Burnier

domingo, 7 de novembro de 2010

ÉTICA E CIDADANIA - CAÇADOR - SC

Com a CÁRITAS de Caçador de SC, refletimos sobre Ética e Cidadania, trablhamos conceitos, mas acima de tudo provocamos os conselheiros, servidores, agentes Cáritas, e agentes de Pastoral a analisar a conjuntura atual e como fazer a cidadania e a plenificação dos direitos acontecerem em nossa sociedade, o desafio foi grande, principalmente por se tratar da primeira das três etapas que a escola da Cáritas de Caçador se propõe, mas acredito que as provocações deram conta de apontar que será necessário um empenho muito intenso das entidades, conselhos e poderes constituídos na possibilidade de apontarmos um mundo melhor de se viver. Para os agentes de Pastoral presentes fica claro de que a Igreja deve com muita maturidade honrar sua caminhada social feita na América Latina e reafirmar sempre mais sua opção pelos pobres e se empenhar sempre mais na efetivação do Projeto do Reino. Obrigado Cáritas de Caçador pelo importante debate, vamos juntos em aliança sem diferenças entre nós "lutar, lutar. lutar e vencer o medo e a dor...".





DNJ 2010 MUITA REZA MUITA LUTA MUITA FESTA EM DEFESA DA VIDA DA JUVENTUDE

Tive a alegria de no dia 24 de outubro participar do DNJ 2010 com o lema Muita reza, muita festa e muita luta, gritamos contra o extermínio da juventude que acontece a cada dia em nossas cidades, em Arapongas com a PJ da diocese de Apucarana e em Londrina com a PJ daqui, pude perceber o quanto a juventude clama pela vida e o quanto esse grito tem força. É preciso que contineumos nos organizando e fazendo a juventude sempre mais reagir contra tudo que fere a vida dos e das jovens no mundo de hoje, apontando sempre a construção da Civilização do Amor. Valeu juventude. Grita pelo Reino, pelo Reino da Vida.