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terça-feira, 29 de junho de 2010

LUIZ COMO TANTOS LUIZES, SÓ QUE MEU AVÔ

MORRE A ESPERANÇA, MORRE A UTOPIA


Assistindo o filme Corrente do Bem, cheguei a uma série de conclusões em relação a mim mesmo, pude ver quanta coisa que já acreditei um dia e que hoje não acredito mais, quantas coisas que sou capaz de realizar e não realizo. Pude fazer uma auto-análise e perceber que eu apenas sou um reflexo de uma sociedade que entrou numa lógica, onde ninguém mais é capaz de realizar o bem. Pequenos gestos, pequenas atitudes, parecem banais, mas são capazes de transformarem o mundo, se não pelo menos a realidade mais próxima a nós.
As pessoas se entrecruzam, se vêem diariamente, mas nada sentem. O outro é apenas mais um, quando não um concorrente, conforme a consciência de mercado. Dentro das próprias famílias, há pais que não conhecem bem seus filhos e vice-versa. O forte acento ao individualismo vai ocasionando aos poucos a morte da esperança, não acredita-se em mais nada. O próprio ser humano vai se “autodesacreditando”, perde noção de sua própria potencialidade. Penetra num mundo desconhecido dentro de si próprio.
Não acreditamos em nós mesmos, quanto menos os outros. A pergunta que fiz a mim mesmo e quero desafiar a uma resposta é: o que significaria para o mundo hoje a morte da esperança?
Primeiro é preciso ter claro de que a esperança esteve presente em toda historia da Igreja, foi ela quem deu sem dúvida o impulso para que a mensagem da Boa Nova fosse anunciada. “a perseverança produz fidelidade, e a fidelidade produz esperança” (Rm 5,4). Esperança é uma palavra comum na Bíblia, está sempre alimentando o povo de Israel que caminha no deserto em busca da terra prometida, está naqueles que seguem Jesus, na certeza e na esperança de que a paz e a justiça possam reinar sobre a terra. Na Igreja Primitiva é ela quem impulsiona os nossos primeiros mártires, que se doam, na esperança de que outros também possam conhecer e se doar pelo Reino da Vida. Enfim é a esperança que sempre leva os cristãos a lutarem por um mundo novo, pois acreditam na sua possibilidade.
A morte da esperança nesta sociedade basicamente individual significa a morte dos sonhos e utopias, de pessoas que deveriam defender-se dos ataques covardes do sistema capitalista neoliberal, mas que preferem ficar caladas, vendo a fome, a guerra, à injustiça, a falta de humanidade de nossos políticos, como se fosse a coisa mais normal do mundo, não vislumbramos outras realidades, pior, não lutamos por outras realidades possíveis, onde o projeto de Deus possa efetivamente acontecer: “que todos tenham vida”.
Deixar a esperança morrer, é se deixar levar pelo consumismo barato, de que tenho tudo o que preciso, o resto não me interessa. Interessa sim. É o futuro de nossos filhos e netos que está em jogo, enquanto nos calamos, eles vão cada vez mais destruindo nosso meio ambiente, vão corrompendo as políticas públicas que deveriam estar a serviço de toda sociedade e não de uma parcela dela, vão assassinando nossas crianças com a violência e com a miséria.
Não caiamos na decisão errada de que somos donos do mundo, somos donos da nossa liberdade e o que fazemos com ela é o preço que pagaremos.