segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
CIRANDEIROS E CIRANDEIRAS DO AMOR
Dos dias 08 a 14 de janeiro deste ano, aconteceu em Maringá o 10° Encontro Nacional da Pastoral da Juventude (PJ), jovens do Brasil todo desde do Amazonas ao Rio Grande do Sul gritavam com força o tema do Encontro: “Somos Igreja Jovem”, o tempo todo através dos gestos vividos afirmavam que na ciranda da vida nossa missão é amar sem medida, a luz do evangelho: “Amou-os até fim” (Jo 13,1), a presença da juventude trouxe a tona grandes marcas e importantes gritos. Gostaria de trazer algumas expressões do 10° Encontro Nacional.
A primeira expressão nasce no dia da missa de abertura na catedral de Maringá com a missa presidida por dom Eduardo, bispo referencial da juventude na CNBB. A missa toda fora marcada por momentos fortes de euforia e alegria, mas no momento da comunhão nasce a expressão através da canção “se calarem a voz dos profetas”: ter voz, ter vez, lugar. Esse grito forte da juventude da PJ permeou todo encontro nacional. Aí existem três marcas no desejo dessa juventude em ser Igreja e sem essas três expressões não existe sentido em ser Igreja, uma juventude que quer:
TER VOZ: Não dá para ser diferente, a juventude se expressa de maneira forte, radical, e nem sempre nós Igreja estamos prontos para entendê-los, urge a necessidade de ter a juventude nos espaços de decisão de nossa Igreja, de abrir as portas para o jeito jovem de ser e de fazer. Não nos enganemos que a nossa juventude somente gosta de festa. Gosta de compromisso, curte a ousadia, e muitas vezes a festa juvenil precisa soprar nossos ouvidos, pois desinstala e provoca euforia, levanta o defunto adormecido pela preguiça ou pela paralisia causada pelo medo da esperança. Aliás, Pedro Casaldáliga, grande bispo da Igreja comprometido com a PJ mandou recado na abertura: “jamais perder a esperança”, quando todo mundo fica aí parado e desanimado a juventude que nem sempre gostamos de ouvir, abre nossos ouvidos com seu brado de esperança.
TER VEZ: Nem sempre gostamos de ver nossos jovens à frente de cargos e posições chamadas de importantes, parecem irresponsáveis, muitas vezes olhamos para nossa juventude como aquela que nunca está preparada, ou está se preparando. Consequência disso: pastorais e estruturas envelhecidas. A PJ é fonte de vida na caminhada eclesial e na caminhada da sociedade. Veja o cenário politico sempre os mesmos barões. Tá na hora da juventude ocupar seu lugar. Mas para isso precisamos mudar nossa forma de pensar. Juventude não é futuro, juventude é presente, o hoje, com seu jeito de ser de pensar e de fazer. É preciso ter a coragem profética de aceitarmos o novo e acreditarmos na ousadia.
TER LUGAR: Quando falamos em lugar, estamos sugerindo uma questão geográfica, lugar remete a espaço, posição, reconhecimento. Quando temos um lugar sabemos quem somos e de onde viemos, falamos sempre de um lugar. O Lugar da PJ é a Igreja, de onde nasce e bebe na fonte. São cerca de trinta anos de história e dez encontros nacionais. Desse posicionamento histórico, nascem instrumentos importantes como o Documento Civilização do Amor, produzido pela PJ da América Latina, e o documento 85 da CNBB sobre a Evangelização da Juventude, sem falar de Puebla onde a opção preferencial pelos pobres se estende a profética opção pelos jovens. Todos os documentos e pronunciamentos sobre a juventude são uníssonos em apontar o protagonismo juvenil na importante caminhada eclesial de nossa Igreja no Brasil e na América Latina, sem esse instrumento não existe transformação social e nem profecia. Para isso, é preciso reconhecer o lugar de nossa juventude em nossa Igreja e na sociedade de modo geral. Sabemos que o protagonismo juvenil, sempre foi sinal de esperança no mundo.
Com certeza o Paraná soube acolher nossos ilustres visitantes de maneira hospitaleira, sendo esse um sinal de que precisamos nos arriscar mais em momentos assim.
Um sinal permanente no encontro nacional foi a presença do arcebispo de Maringá Dom Anuar, revelando a presença da Igreja de maneira terna e compromissada, a juventude como um dos discípulos de Emaús e Dom Anuar como o segundo discípulo, assim como outras presenças de companheiros de caminhada como vários padres e bispos como dom Sinézio Bhon, bispo emérito, e que no auge dos seus setenta e sete anos fez questão de permanecer os dez dias acompanhando essa linda juventude na caminhada compromissada do Reino.
O 10° Encontro Nacional não terminou em Maringá, deve continuar em nossa caminhada cotidiana, na opção corajosa pela Pastoral da Juventude em nossas comunidades e dioceses. Os cirandeiros e cirandeiras do amor dispostos a entregar a vida pela causa do Reino, estão por aí dispostos a enfrentar a Jerusalém de nossas lutas e compromissos. Vamos lá, com coragem fazendo a ciranda girar e vida acontecer plenamente."Com a fé e a união nossos passos uma dia vão chegar", essa é nossa certeza teimosa.
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