terça-feira, 6 de abril de 2010
A PÁSCOA NOSSA DE CADA DIA
Poderia iniciar este texto com a afirmativa mais recorrente nos últimos tempos: vivemos em um tempo de muitas crises. E poderia enumerar várias destas: crise na política, crise nos valores, na família e na própria Igreja.
Mas é tempo de Páscoa, e não quero me afundar num vale de lágrimas...
A primeira Páscoa foi a do Povo de Deus, que após a passagem do Mar Vermelho, festejou com louvores a libertação da escravidão no Egito. As portas das casas, foram marcadas com o sangue do cordeiro, para que quando Javé passasse, percebesse que este era um povo selado pelo sangue do sofrimento de uma caminhada amarga muitas vezes, como recordava a erva amargas, mas cheio de memória, para lembrar que Javé dos exércitos caminhante no meio do povo, o libertou. Poderíamos dizer que Deus fez uma escolha, seu povo sofrido marcado pela escravidão ganha de presente desse Deus a libertação.
Assim nasceu a tradição da Páscoa, de um povo que toda vez que celebrava lembrava do Deus libertador, que ouve o grito desse povo sofredor. Então todas as vezes que o filho mais novo perguntar ao mais velho da casa: por que celebramos este dia, revela a metodologia do povo de Israel que passa de geração em geração, que um dia Deus libertou nossos pais da escravidão do Egito.
Jesus ressignifica esta Páscoa, oferecendo a si próprio como sinal da libertação, oferece seu próprio sangue em nome do Reino e do projeto de liberdade elaborado pelo mesmo Deus que e “desce para libertar o povo” (Ex 3,7).
A vida doada de Jesus, a Páscoa da Ressurreição só tem sentido quando olhamos para sua vida toda, atos, palavras, gestos, que apontam para a vontade de Deus revelada desde o Êxodo.
Então Páscoa é festa da libertação.
Páscoa também é cotidiano. Deve ser celebrada no dia-dia de nossas vidas em cada gesto, em cada momento que vivemos, não apenas uma vez por ano, mas “em memória de mim” (Lc 22,19). Toda missa, toda celebração, todo grupo de reflexão é Páscoa. A cada momento que nos reerguemos, a cada dificuldade superada, a cada pessoa libertada é a Páscoa cotidiana celebrada. Nossa caridade, nossa justiça, nossa partilha, nossa família, devem ser sinais de Ressurreição, as pedras dos túmulos ao qual estamos presos, devem rolar e nos fazer sempre mais celebrar a vida e a memória de uma Páscoa que acontece aqui, ali na nossa vida. Páscoa, deve ser a festa da liberdade, mas também a memória da vida oferecida, do Cristo e a nossa. Nossa vida “pascoalizada” na disposição da construção do mundo sempre mais vivo e com sinais de vida todos os dias.
Que a nossa Páscoa seja cotidiana e não meramente um momento ou um sentimento. Que seja a certeza de que a vida vence a morte, sempre que colocamos nossas esperanças acima de nossas fraquezas.
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Gostei Renato! Parabéns pelo blog. Já indiquei lá no meu. www.danfelipe.blogspot.com.
ResponderExcluirAtualize sempre.
Gostei muito Renato! Adorei! parabéns pelo blog!
ResponderExcluirParabéns amor pela boa iniciativa, partilhe aqui seus textos, suas poesias e suas utopias. Boa sorte!!!
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